Eu, eu mesmo!
Não é bio, é carta ao visitante:
Como expectadora dos casamentos filmados por ele, entendo que parte do deleite do Thiago é surpreender de ternura. Tenho pra mim que os comentários sobre o trabalho entregue sirvam como um combustível de seu fazer-edição, alegra-o conceder doses de alegria em forma de vídeos, para lembrar os expectadores que a memória é vida, e o dia filmado fora tão vívido quanto nitidamente captado, tal qual um mensageiro da memória, que chega e celebra junto: memória é vida, vocês eram felizes e sabiam.
Escrevo de um voo para Tocantins, partindo de Salvador, com uma conexão em São Paulo. De uma poltrona do meio entre os outros dois assentos. Nem janela, nem corredor. Quando se tem sorte, apoia-se os braços entre as poltronas primeiro que os outros passageiros. Em antecipação a qualquer reclamação, por relar-lhes na disputa silenciosa de cotovelos, me recordo de ser alguém que nem nos meus maiores sonhos previu a honra de poder narrar uma boa história, não entre poltronas, mas entre as nuvens.
É durante uma rota no céu que rememoro outro viajante a trabalho, cujas rotas, entre céu, terra e mar, são feitas na direção da celebração do amor. Será que sonhou também, o Thiago, ser ele mesmo o apoio, enquanto fita e conduz a edição de sonhos sonhados, mega, giga sonhos armazenados em nuvens?
Como expectadora dos casamentos filmados por ele, entendo que parte do deleite do Thiago é surpreender de ternura. Tenho pra mim que os comentários sobre o trabalho entregue sirvam como um combustível de seu fazer-edição, alegra-o conceder doses de alegria em forma de vídeos, para lembrar os expectadores que a memória é vida, e o dia filmado fora tão vívido quanto nitidamente captado, tal qual um mensageiro da memória, que chega, te lembra e celebra junto: memória é vida, vocês eram felizes e sabiam.
Mas meu lugar não é sempre esse. Já estive na janelinha.
Testemunhei de perto o trabalho do Thiago em 6 versões de mim mesma, e essas ocasiões me permitiram uma visão privilegiada e diversa: duas vezes como maquiadora das noivas, duas vezes como uma convidada dançante, uma como escritora (filmada para a editora que lançou meu livro), uma vez lida por uma outra pessoa que por ele era filmada, e a última como poeta-celebrante do casamento.
Em todas – e repare, mais da metade delas como profissional, onde o registro poderia ter tido a função banal de relatório de atividades – testemunhei um desempenho que gostaria de nomear e desenvolver: extraordinário.
Sem prejuízo do ordinário, diga-se de passagem. O ordinário pode ser ótimo, porque “toda rotina tem sua beleza”. O fazer pela ordem, o cumprir, o entregar o que foi solicitado, o captado pelas lentes. Imagine filmar o amor alheio todo fim de semana.
Ocorre que o “extra”, que acompanha o ordinário e o Thiago... Bom, isso eu estou certa de que não é uma coisa que se pode contratar, quando se solicita alguém que filme seu casamento. Você pode até querer, mas não poderia dizer para qualquer um:
– Ei, filmmaker, encontre com seus olhinhos a poética do nosso dia, mais um entre os dias que você já viu. Espelhe, na hidratação de seus olhos, os nossos brilhos nos olhos, e capte, entre nossas piadas, em nossos sorrisos, nossos nervosismos e graças, aquilo que faz de nosso amor, entre todos os amores que você já viu, não apenas mais um, mas um amor para você. E torne isso, junto de sua lente, seu motivo de trabalhar nesse dia.
Não, isso você não poderia contratar. Falo como profissional de contratos também, você não pode garantir a poesia nas entrelinhas de um acordo. Você pode apenas desejá-la com todo o seu coração.
Mas você pode dar a sorte de encontrar alguém como o Thiago, que, falo com a beleza da verdade e admiração sincera, é como garantir a poesia. Se estiver no contrato invisível do desejo sincero, este que transborda cláusulas e corre livre como uma criança entre os convidados, ele toma pela mão, e faz de seu filme de casamento a obra de cinema de sua vida.
Com carinho e com sorte,
Luciene Nascimento.
Luciene Nascimento, a poesia, a artista e a criatividade, casamento da Karine (Negrita) e Augusto
TUDO NELA É DE SE AMAR | LUCIENE NASCIMENTO